As olheiras contam muitas histórias. Cada tom mais escuro, cada sombra e até as bolsas ao redor dos olhos revelam mudanças que vão muito além da aparência. Ou seja, não é só estética, pois, na verdade, é o corpo falando. As olheiras na menopausa, por exemplo, acabam ficando ainda mais visíveis.
Com o passar do tempo, especialmente quando a mulher chega ao climatério e à menopausa, essas marcas tendem a ficar mais evidentes. Isso acontece não apenas por genética ou cansaço. Na verdade, o que vemos no espelho é o resultado de transformações profundas que afetam várias estruturas do rosto ao mesmo tempo.
Olheiras na Menopausa: dermatologista explica como tratar cada tipo

Segundo a médica dermatologista e clínica geral, Isabel Martinez (CRM-SP 115398 | COREN-SP 89562), existem quatro tipos principais de olheira: pigmentar, vascular, estrutural e mista. “Essa classificação continua válida e amplamente usada. No entanto, quando observamos, no consultório, as pacientes na menopausa, percebemos um padrão mais complexo, que chamamos de “olheira em multicamadas”. Porque envolve pele, músculo, gordura, ligamentos, vasos e a própria matriz extracelular”, esclarece.
De acordo com a médica, esse olhar mais amplo não vem apenas da experiência no consultório. Pois ele também está alinhado ao que estudos já mostram sobre os efeitos da queda do estrogênio no envelhecimento da pele. Segundo ela, o corpo realmente muda durante a menopausa e a pele sente esse impacto.
Com a diminuição natural dos estrogênios, há uma perda mais rápida de colágeno e elastina. Então, como consequência, a pele fica mais fina, menos firme e com menor elasticidade. Além disso, a estrutura que dá sustentação à pele se torna mais frágil e menos hidratada.
Mudanças naturais das olheiras na mulher madura

A médica explica ainda que essas mudanças podem acontecer em todo o corpo. No entanto, elas costumam ser mais visíveis na região dos olhos. Já que essa área tem uma pele naturalmente mais delicada. Por isso, nessa fase da vida, algumas alterações passam a aparecer com mais frequência, como:
- queda da pálpebra,
- vasinhos mais aparentes sob a pele fina,
- marcas e sulcos mais profundos ao redor dos olhos,
- e a gordura da região orbital ficando mais evidente.
- Envelhecimento da área dos olhos: além da pele, os músculos, ligamentos e a gordura também passam por mudanças.
Os estudos mostram que o envelhecimento da região dos olhos vai muito além da pele fina. Com o tempo, o músculo perde força, os ligamentos ficam mais frouxos e a gordura, que antes estava bem sustentada, passa a se projetar, formando as bolsas. Além disso, mudanças no osso alteram o contorno do olhar e deixam a transição entre pálpebra e bochecha mais marcada. Quando tudo isso se soma à queda do estrogênio, comum na menopausa, olheiras e bolsas tendem a ficar ainda mais evidentes. Por isso, os especialistas defendem um olhar mais completo, entendendo o envelhecimento como um processo profundo e em cadeia, e não apenas superficial.
O que são olheiras multicamadas?

A médica explica que as olheiras multicamadas possuem este nome porque, nas mulheres, na menopausa, surgem em diferentes camadas da região dos olhos. São elas:
- Camadas profundas (osso e gordura)
Mudanças no formato da órbita, perda de sustentação do osso e a gordura da região dos olhos ficando mais aparente.
- Camadas intermediárias (músculos e ligamentos)
O músculo ao redor dos olhos perde força. Pois os ligamentos ficam mais frouxos e o sulco entre a pálpebra e a bochecha fica mais marcado.
- Camadas superficiais (pele e vasos)
A pele perde firmeza, colágeno e elasticidade, escurece com mais facilidade e os vasinhos passam a aparecer mais.
“É a combinação desses fatores que cria o aspecto de “olheira exuberante”. Aquela expressão cansada que tantas mulheres descrevem mesmo após boas noites de sono”, destaca a Dra.
Como tratar as olheiras na menopausa?

Isabel Martinez explica que tanto a ciência quanto a prática mostram que não existe um único tratamento capaz de resolver tudo sozinho. Por isso, segundo ela, o cuidado com as olheiras na menopausa precisa ser pensado em camadas, sempre de forma individual e com atenção à segurança da região dos olhos.
De forma geral, as soluções podem incluir:
- Lasers, pois ajudam a melhorar a textura da pele. Suavizam manchas e reduzem o tom arroxeado, deixando a região mais uniforme.
- Radiofrequência e outros aparelhos de energia, usados para dar mais firmeza e melhorar o suporte da pele.
- Lasers fracionados, que estimulam a produção de colágeno. Ajudam na flacidez e renovam a pele, além de potencializar os ativos aplicados depois do procedimento.
- Preenchedores com ácido hialurônico, quando indicados, aplicados com cuidado para suavizar o desnível entre a pálpebra e a bochecha.
- Blefaroplastia, recomendada nos casos em que há excesso de pele ou bolsas mais evidentes. Quando os tratamentos não cirúrgicos já não são suficientes.
A médica reforça que a escolha do tratamento depende sempre da causa principal da olheira. Por isso, cada paciente é avaliada como um todo, considerando a pele, a estrutura do rosto, o histórico de saúde, os hábitos e a rotina.
As olheiras podem ter muitos fatores
Ela também lembra que fatores como sono ruim, rinite, alergias, estresse e alterações hormonais influenciam diretamente o aspecto das olheiras na menopausa. Em pessoas com rinite crônica, por exemplo, a congestão da região pode intensificar o tom arroxeado e, ao esfregar os olhos com frequência, a pele tende a escurecer e perder firmeza.
Nesse sentido, a CEO do Climex Club destaca que cuidar das olheiras na menopausa vai além da aparência. Muitas vezes, é preciso:
- tratar a causa, como inflamações, rinite e hábitos do dia a dia;
- tratar as consequências, como manchas, vasos aparentes, textura e flacidez;
- ou cuidar dos dois ao mesmo tempo, para resultados mais duradouros.
Por fim, Isabel Martinez ressalta a importância de um skincare pensado de forma inteligente. Inspirado na abordagem coreana. Segundo ela, os produtos para a área dos olhos funcionam melhor quando combinam ativos para firmeza, proteção, clareamento suave e fortalecimento da pele. E reforça o uso diário de óculos de sol com proteção UV. Já que o sol acelera tanto o escurecimento quanto a flacidez da região dos olhos.