O autocuidado é um processo fundamental na vida de cada um. Mas é estranho pensar que milhares de pessoas não conseguem fazer isso por si mesmas. Pois o acesso aos recursos é limitado, restando apenas o básico, ou nem isso. Portanto, falar de beleza acessível é urgente e necessário. Popularizar o acesso a beleza é muito mais do que estética, é inclusão, é dignidade. Afinal, todo mundo merece se cuidar, se sentir vista e respeitada.
Pensando nisso, a Letícia Rodrigues (Diretora Administrativa e de P&D da SOFT) e a Lívia Rodrigues (Diretora de Operações da Soft Hair) propõem uma discussão importante no artigo abaixo.
Beleza acessível para todas as classes
Em um país onde a maioria da população pertence às classes C, D e E, devemos enxergar o acesso ao autocuidado não como um privilégio, mas como um direito. De acordo com o estudo “Mercado da Maioria”, realizado pela PwC Brasil, 56% dos consumidores desses estratos sociais ampliaram seu consumo de produtos de higiene e beleza; na última década. O dado reforça que, mesmo diante de restrições orçamentárias, o cuidado pessoal permanece como uma prioridade. Refletindo assim, uma necessidade legítima de bem-estar e autoestima. Apesar disso, a indústria ainda sustenta uma lógica excludente. Na qual qualidade está, muitas vezes, associada a preços elevados. Isso impede grande parte da população de usufruir de produtos eficazes e seguros. Por isso é tão importante falarmos de beleza acessível.
Precisamos compreender a democratização do acesso ao autocuidado como uma responsabilidade social, e não apenas como uma estratégia de posicionamento de mercado. Cosméticos e itens de higiene pessoal, além de seus benefícios estéticos, são instrumentos de valorização individual, inclusão social e dignidade.
Tratá-los como artigos supérfluos ignora seu papel fundamental na promoção da saúde física e emocional. Neste sentido, torna-se essencial o desenvolvimento de soluções que aliem alta performance a preços acessíveis. Respeitando assim a realidade financeira dos consumidores, sem comprometer a eficácia ou a segurança das fórmulas.
Para que isso se concretize, é necessário investir em engenharia de custos, inovação tecnológica e parcerias estratégicas com fornecedores. Somente assim será possível oferecer produtos que atendam às reais necessidades da população brasileira, muitas vezes invisibilizada pelo mercado.
É preciso ouvir os consumidores
A escuta ativa das demandas desses consumidores, especialmente aqueles que residem fora dos grandes centros urbanos, deve orientar as decisões relacionadas à formulação, ao posicionamento e à distribuição dos produtos. Entender a complexidade do contexto social em que vivem trabalhadores e trabalhadoras. Como mães solo e famílias em situação de vulnerabilidade é um passo indispensável para entregar soluções relevantes e efetivas.
A construção de um mercado verdadeiramente inclusivo exige uma ruptura com os paradigmas tradicionais do setor. As empresas devem assumir uma postura propositiva, centralizar o consumidor em suas estratégias e tratar o autocuidado como um direito de todos. Independentemente da classe social.
Tornar o cuidado pessoal acessível é, acima de tudo, uma escolha ética. Pois contribui para a redução das desigualdades, o fortalecimento da autoestima e a promoção do bem-estar coletivo. Democratizar o acesso à beleza e à higiene é reconhecer que esses elementos são constitutivos da cidadania. Então, diante disso, o setor precisa agir com responsabilidade, sensibilidade e visão de futuro.
Artigo de Letícia Rodrigues é atualmente Diretora Administrativa e de P&D é formada em Direito, advogada, pós graduada em gestão de negócio e Lívia Rodrigues é Diretora de Operações, farmacêutica, pós graduada em desenvolvimento de Cosméticos.